domingo, 25 de abril de 2010

Contam as estrelas que o arvoredo espesso sombreava um segredo. Esse segredo estava tão bem escondido que dele só sobraram as migalhas no canto da cotovia e no lamento das corujas.
Qualquer um que souber costurar as vozes dos pássaros o adivinhará mas os últimos que sabiam já desapareceram há muitos anos. Resta então adivinhá-lo em um olhar desprevenido de uma águia, que às vezes também olha perdida sem saber no que pensar.
Só assim - quando a águia olha fixo, porém sem mirar nenhuma presa - é possível vislumbrar a mensagem. No reflexo desse olhar está descrita a nossa invenção; que somos todos ficções da natureza.
Do lado de cá também podemos ver outras coisas mais. Podemos ver lampejos do eterno; porque as aves desse tipo sofrem mil mutações nos mergulhos mortais pelo ar a cada farfalhar de pena, mas seu olho permanece de um cristalino impassível.
Depois de dito tudo isso, uma vez mais contaram as estrelas e o total computado foi algo completamente diferente do início levantando a suspeita de que era o céu que escurecia algum segredo.
Da última vez que eu conferi o céu ainda estava suspenso e minha barba ainda crescia; mas quem nesse mundo vai acreditar em mim se eu sou só o sonho de uma borboleta?

Um comentário:

ludmilesca disse...

um segredo conta pra um outro segredo.
:) Só beleza!