sexta-feira, 30 de abril de 2010

Prece da Ausência.

Eu queria que tudo desaparecesse agora. Eu queria que o mundo cessasse de existir num piscar de olhos. Eu queria que tudo sumisse num sussurro. Eu queria que a cachoeira parasse de correr e que o céu escurecesse e eu queria esse vazio, esse silêncio, porque ele já habita dentro de mim. Eu queria a escuridão, eu queria a ausência do meu corpo pra que ele não sentisse a ausência do seu. Eu queria que tudo acabasse rápida e subitamente para não deixar nem suspeita nem lembrança de existência. Eu queria que tudo sumisse, eu queria o vazio.
Eu queria que não tivesse mundo, eu queria que nunca tivesse havido mundo. Eu queria a paz do eterno, da eterna ausência de tudo. Eu queria o nada: nada pra frente, nada pra trás, nada presente, nada ausente. Eu queria o nada infinitamente em todas as direções.

Um comentário:

Hidalgo disse...

Gagueira eleática, dando um de Zenão de Eléia. Tomara que no novo cafofo a nadificação seja expurgada na manhã de feirinha doce, nos morcegos carnívoros de bichinhos de amendoeira, de sinos metafísico que freme o corpo, dos bruços e mais bruços (rsrsrs). Abração, rapá!