terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ele não sabia como sair, suas mãos apalpavam o vazio e era sólido como rocha. Em sua expressão desespero, e as pessoas em volta riam, morriam de rir. Alucinadamente apalpava o teto e as paredes, e angustiado sentia o espaço diminuir. Morreria esmagado. O espaço apertava e ele já sentia a asfixia. Os risos aumentavam, abafavam seu grito.
Ele gritava e ninguém ouvia, pudera, não saía som de sua boca. Não tinha voz, apenas gestos. E com seus gestos cada vez mais acelerados tentava inutilmente conter à força o avanço das paredes e do teto em sua direção. Estava cada vez mais apertado. E as gargalhadas se tornaram estrondosas, histéricas.
Enfim, sem poder se mexer, se comprimia em um espaço mínimo. Seu corpo tomou a forma de uma caixa perfeita, retangular. Mais um pouco o espaço se fechou e “crec”, estalou seu pescoço. Gargalhadas sem fim, as crianças apontavam e se divertiam sem soltar seus balões de hélio.
Estirado no chão, sem ninguém saber, diante de aplausos efusivos, jazia o mímico, morto.

Nenhum comentário: